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16 Jul, 2009

Édipo - o mito

Os mitos gregos estão por toda parte ainda hoje.Estas narrativas, que um dia povoaram não só a imaginação como também a vida quotidiana de todo
um povo, perduraram no tempo e ainda hoje fascinam escritores, cineastas, escultores, psicólogos,antropólogos, etc. etc. Pode-se fazer delas o uso
mais variado, mas é curioso que guardam, em si mesmas e por si mesmas, um interesse inabalável para os leitores comuns, pessoas que sempre sentirão prazer em mergulhar na poesia de deuses nada perfeitos, cheios de defeitos muito humanos, ninfas que definham de amor por mortais, heróis que
redimem a humanidade, vozes encantadoras de sereias, monstros brutos de um olho só, derrotados pela inteligência do homem. Os estudiosos podem
tentar analisar os mitos como forma primitiva de explicação racional do universo, como ciência ingénua e rudimentar; outros podem vê-los como
projecção de nossa vida inconsciente, etc. — o mito sobrevive a qualquer tentativa reducionista de enquadrá-lo em termos que não são os seus, reduzi-lo a alguma “chave” que supostamente o desvende — ele sobrevive inatingível, com o impacto de sua força narrativa. “O mito é o nada que é tudo”, já disse Fernando Pessoa, criador de mitos, como todos os poetas.

 

Paulo Sérgio de Vasconcellos in Mitos Gregos




 Édipo era filho de Laio e de Jocasta, herdeiro da maldição que assolava os Labdácias, foi abandonado ao nascer no Monte Citerão. O Deus Apolo havia predistinado que Laio seria morto pelo seu próprio filho.

Assim quando Jocasta deu à luz  um filho, encarregaram um criado de o deixar morrer. O criado, encarregado de executar essa missão perfurou-lhe os pés com um gancho e suspendeu a criança numa árvore.

Uns pastores que passavam no lugar viram o menino sangrando dos pés e pendurado numa árvore, cheios de pena tiraram-no e levaram-no aos reis. Os reis de Corinto, Pólibo e Peribeía, há muito que ansiavam por um herdeiro e até ao momento a natureza não lhes tinham sido favoráveis. Assim ao ver o bebé decidiram adoptá-lo e deram-lhe o nome de Édipo porque ele tinha os pezinhos muito inchados.

 

Édipo que foi crescendo, em graça, coragem, valentia e beleza, nada sabia das suas origens. Já era então um belo jovem, e um dia participando num banquete, um outro jovem coríntio, já levemente embriagado, referiu que ele não era filho biológico de seus pais, mas sim adoptado.

 

Édipo perguntou aos pais, que prontamente negaram, mas cheio de dúvidas, resolve consultar o oráculo de Delfos para saber sua real origem. Delfos não lhe deu uma resposta clara, mas disse-lhe o seu futuro, vaticinou que um dia mataria o seu pai e que tomaria como esposa a sua mãe.  

 

Desesperado com a revelação, decidiu fugir do reino, deixando Pólibo e Peribeía, que pensava serem os seus pais verdadeiros, estava certo de contrariar aquele destino cruel.

Viajando a caminho da Fócida, num cruzamento entre as estradas de terra de Tebas e de Cáulius, foi mandado retirar-se do caminho por um arauto que viajava numa carruagem com mais três pessoas, sentindo-se incomodado com tal desfaçatez e arrogância, recusou-se a sair do caminho. Como represália um daqueles homens matou um dos seus cavalos, Édipo cheio de ódio, pegou na sua bengala e matou com grande violência, o rei de Tebas, Laio, desconhecendo por completo quem havia matado.

 

E continuou o caminho, indo parar a Tebas.

Quando ali chegou, precisamente na entrada da cidade, no grande Monte Ficeu,  deparou com uma Esfinge, descendente de uma família de monstros, cabeça e busto de mulher, patas de leão, o corpo de cão, cauda de dragão e asas como as das Hárpias.

 

 Tinha sido enviada pela deusa Hera para castigar Laio, responsável pela morte de Crísipo.  

 

Assim para se poder entrar na cidade de Tebas, todos os forasteiros tinham que responder a um enigma da Esfinge, quem não soubesse responder era morto, caso contrário a Esfinge morreria. A criatura além de matar quem não soubesse decifrar o enigma, também devorava os seus corpos.

O monstro já tinha feito muitas vítimas e os habitantes estavam alarmados quando Édipo, buscando exílio, chegou a Tebas. Ao enfrentá-la, foi recebido com a seguinte pergunta: “Qual é o animal que pela manhã tem quatro pés, ao meio dia dois e à tarde três?” Édipo sem dificuldade respondeu que este animal era o homem, que na infância engatinha, depois passa a caminhar com os dois pés e na velhice, com o peso dos anos, necessita de uma bengala, ou seja, de uma terceira perna para se sustentar. Como já estava previsto pelo destino, no dia que alguém soubesse decifrar o seu enigma a Esfinge morreria, esta, precipitou-se do alto de um precipício e morreu despedaçando o seu mutante corpo contra os rochedos.

Aclamado pela população agradecida, tornou-se rei, e como era costume naqueles tempos, recebeu a mão da rainha Jocasta em casamento.

 Édipo cumpriu assim a segunda e última parte da profecia, pois ao casar-se com a rainha, desposava na verdade,a sua própria mãe. Tiveram quatro filhos: Etéocles, Polinice, Antígona e Ismena.

Durante anos o rei de Tebas reinou tranquilamente até ao dia em que em Tebas teve uma epidemia de peste.

Para se livrarem da epidemia consultaram o oráculo, que previu que para cessar a epidemia, era preciso que se encontrasse o assassino de Laio e bani-lo definitivamente de Tebas. Tirésias, o grande vidente cego, trazido até a corte revelou a verdade sobre o crime e esclareceu a identidade e a história de Édipo. Jocasta, humilhada e sem poder suportar a vergonha, suicidou-se. Édipo, ao lado do corpo de sua mãe, vazou seus olhos. Expulso da cidade por Etéocles e Polinice, partiu para o exílio acompanhado por Antígona que o guiou até a Ática, onde foi acolhido por Teseu .

 

Tempos depois, seus filhos e Creonte, irmão de Jocasta, tentaram convencê-lo de regressar à Tebas, pois um oráculo havia predito que onde estivesse localizada sua tumba, os deuses dedicariam especial proteção. Foi inútil, porque Édipo, recusou-se terminantemente a realizar-lhes o desejo e viveu seus últimos dias em Colona, localidade situada próximo a Atenas.