Pensamentos de Fichte
O homem não tem o direito de se tornar um ser racional virtuoso, sábio ou feliz, contra a sua vontade. Além de que, tal esforço seria em vão, e que ninguém pode se tornar virtuoso, sábio ou feliz, a não ser pelo seu trabalho e esforço próprio; além de que, igualmente, o homem, nem sequer o pode, e deve querer – ainda que pudesse ou julgasse poder. Com efeito, é ilegítimo, e ele se põe, assim, em contradição consigo próprio.
Os teus actos – não os teus conhecimentos – é que determinam o teu valor.
A vontade humana é livre, e a felicidade não é o fim do nosso ser, mas a dignidade de ser feliz.
Sou simplesmente porque sou.
A língua de um povo é a sua alma.
O amor que é verdadeiro amor e não um mero desejo passageiro, nunca se prende ao transitório, mas desperta, acende-se e repousa apenas no eterno. O homem nem sequer a si próprio se pode amar, a não ser que se considere eterno. Para além disso, ele é incapaz até de se venerar ou de se aceitar a si próprio. E ainda menos pode amar qualquer coisa fora de si, a não ser que integre essa coisa na eternidade da sua crença e do seu espírito. Quem não for capaz de começar por se ver a si mesmo como eterno, não tem amor…
O impulso mais elevado do homem é o impulso para a identidade, para a perfeita consonância consigo mesmo. O conceito de razão, do agir conforme à razão e do pensar é dado no homem, e ele quer necessariamente não só realizar esse conceito em si mesmo, mas vê-lo de igual modo realizado fora de si. Uma das suas necessidades é a de que, fora dele, existam seres racionais da sua espécie. Ele não pode produzir tais seres; mas põe o conceito dos mesmos na base de sua observação do não-eu, e espera encontrar algo que lhe corresponda.
Se todos os homens pudessem se tornar perfeitos, poderiam alcançar o seu objetivo supremo e último, e seriam, assim, plenamente idênticos entre si; seriam apenas um só, um único sujeito.
Deter-se e lamentar a corrupção dos homens sem levantar uma mão para a diminuir é efeminação. Verberar e mofar amargamente sem dizer aos homens como se devem tornar melhores é indelicadeza. Agir! Agir! É para isto que cá estamos. Desejaríamos ressentir-nos porque os outros não são perfeitos como nós, se somos apenas mais perfeitos? Não é justamente esta nossa maior perfeição – o apelo que nos é dirigido de que somos nós que temos de trabalhar para a perfeição dos outros? Alegremo-nos, pois, com o espetáculo do vasto campo que temos de trabalhar! Alegremo-nos por sentirmos em nós força e por nossa tarefa ser infinita!
O sábio é aquele que faz uso da sua liberdade, não possuindo o seu conhecimento só para si mesmo; mas, antes, para a sociedade. O fim último de cada ser humano singular, e também de toda a sociedade, por conseguinte, também de todos os trabalhos do sábio relativamente à sociedade, é o enobrecimento moral do homem inteiro. O dever do sábio consiste em edificar sempre este fim último e em tê-lo diante dos olhos em tudo o que ele faz na sociedade.
Não ensinamos apenas por meio de palavras; ensinamos ainda, e muito mais profundamente, através de nosso exemplo. Todo aquele que vive na sociedade deve-lhe um bom exemplo, porque a força do exemplo brota primeiro da nossa vida na sociedade.
A beleza uma virtude moral.
O objectivo da nossa vida não é ser feliz, mas merecer a felicidade.
Não há absolutamente nenhum ser e nenhuma vida fora da vida imediata divina.